Ciclismo – Percurso Estrada do Una

Sobre o Percurso

A Estrada do Una é uma via rural que possui cerca de 21 km de extensão e percorre parte da Estação Ecológica Juréia-Itatins fazendo a ligação entre o Guaraú e a Vila Barra do Una. Ela passa pelas Corredeiras do Perequê, Praia do Caramborê, além de dar acesso ao caminho que leva à Cachoeira do Paraíso. É a única forma de acesso terrestre aos moradores da região.

Ao percorrê-la, somos agraciados por uma paisagem de tirar o fôlego, pois a região é preservada e a estrada em si é totalmente integrada à mata atlântica, porém essa integração torna o trajeto um tanto penoso. Definitivamente, se você não possui moto ou veículo alto e com tração 4×4, não se arrisque porque é comum a via se tornar intransitável a ponto de o único ônibus que atende a região não conseguir completar a linha. Em contrapartida, tais características são um convite aos que buscam aventura e contato com a natureza.

 

A Experiência

Antes de desbravar a Estrada do Una é preciso consultar as condições climáticas para evitar problemas. Estava no Guaraú há dois dias e durante este tempo não choveu. Não eram previstas alterações e aquela manhã ensolarada do terceiro dia foi a confirmação para que eu pudesse iniciar a aventura.

 

manhã com céu azul

 

O primeiro obstáculo que tive foi me deparar com um trecho totalmente enlameado. Não havia chovido e fiquei curioso sobre o motivo dele estar assim. Era tanta lama que em certos momentos eu tive que descer da bike.

 

trecho todo enlameado da estrada do una

 

Na ocasião, encontrei um casal que também estava passeando. A surpresa com o lamaçal  foi o primeiro assunto e seguir viagem em companhia de outras pessoas ajudou a descontrair e superar os obstáculos que surgiam. Conforme seguíamos, os trechos enlameados foram diminuindo e pudemos apreciar melhor a beleza do percurso.

 

estrada do una em meio a mata com céu azul e morros

riacho de água cristalina

 

Havia muita pedra e buracos. Fáceis de serem evitados por motos e bicicletas, mas mortais para automóveis. Outros ciclistas passavam esporadicamente. Pelos equipamentos e pela disposição, concluímos que eram atletas profissionais.

 

cadeira de plástico em meio a pontaletes organizados de forma similar a estrutura de uma cabana rudimentar

 

As Corredeiras do Perequê são o primeiro e mais acessível ponto do percurso. O clima frio e a situação da estrada contribuíram para a ausência de visitantes.

 

uma ponte sobre as corredeiras

do alto da ponte observando as corredeiras

 

Desbravando a Juréia pela Estrada do Una

Seguindo por cerca de 1km, chegamos ao Portal da Juréia onde fica a base da Polícia Ambiental. Após cruzar o marco, entramos oficialmente no interior da Estação Ecológica Juréia-Itatins e, para nossa surpresa, mais lama.

 

vista dos morros cobertos de vegetação

placa anunciando a entrada na estação ecológica juréia itatins

portal da juréia e base da polícia ambiental

trecho de estrada do una todo enlameado

 

Bastam alguns minutos para chegar na bifurcação que dá acesso à Cachoeira do Paraíso. A minha ideia era seguir até a Barra do Una e a do casal, à principio, era o Pererquê, mas eles mudaram de ideia e resolveram ir até o Paraíso. Aquele ponto foi a nossa despedida. Fiquei feliz em tê-los como companhia, mas era hora de seguir sozinho.

O trajeto continuou por um terreno com alguns trechos de lama, pedra e buracos. Foi nesse momento que encontrei outro ciclista. Ele estava vindo no sentido oposto e carregava sua bicicleta. Puxei assunto e ele me disse que a corrente da bike havia quebrado, mas que dois amigos tinham ido na frente e depois voltariam com o carro para fazer o resgate. Dos ciclistas que encontrei seguindo no sentido oposto, nenhum estava acompanhado e por isso não acreditei. Fiquei pensando se ele tinha dito isso apenas para não se constranger.

 

estrada do una em meio a mata com céu azul e morros

 

Encarando os Morros

Aquele encontro me fez pensar se algo parecido acontecesse comigo. Estava sozinho e sem celular. Aliás, mesmo que estivesse com ele não faria diferença, pois não há sinal na região. De qualquer forma, se ocorresse algo imprevisto, teria que voltar caminhando e isso levaria ao menos umas 2 horas.

Após o longo trecho em terreno plano, o percurso pela Estrada do Una começou a ficar mais difícil. Esta é uma senhora subida. É daquelas que não dá pra encarar pedalando.

 

trecho de subida em meio a mata densa

 

Mesmo carregando a bike, parei algumas vezes para descansar e descobri que não estava tão sozinho assim. Havia uma plateia torcendo por mim. De mosquitos para ser mais exato, que me acompanharam feito uma torcida organizada sempre passando aquela baita motivação para eu não ficar parado.

Entre subidas e descidas, recompensas incríveis.

 

em ponto alto da estrada do una observando o Rio Una entre a mata atlântica e morros

 

Os morros exigiram muito preparo físico e resistência da bike. Comecei a pensar novamente nas chances de acontecer algo com a bicicleta. Pensei também na hipótese de não conseguir voltar antes de escurecer e nos possíveis perigos noturnos como cobras, jaguatiricas, onças e extraterrestres (sim, a região se destaca em aparições do tipo). Entretanto, o local transmitia uma paz quase inexplicável que me deixou intrigado pelo fato de permanecer sereno apesar das preocupações.

Notei que estava próximo ao final do percurso neste ponto.

 

vista do mirante do caramborê praia e morros

 

O Caramborê

O local é conhecido como Mirante do Caramborê e oferece uma vista privilegiada da praia que carrega o mesmo nome.

Desci até lá e fiz uma pausa para comer e beber algo no único camping que há no local. O momento me fez refletir sobre o que realizar adiante. Ainda restavam cerca de 2,5 km e mais algumas subidas e descidas até a Barra do Una. Eu estava cansado e já havia passado das 3h da tarde, por isso achei conveniente não seguir adiante.

 

vista panorâmica do caramborê sob céu azul e praia
A Praia do Caramborê é linda, além de ser quase deserta. Ela merece mais que uma pausa de alguns minutos, uns dois dias talvez.

 

Tive uma volta sem problemas retornando ao Guaraú pouco antes de escurecer. Sem dúvidas, foi uma escolha sensata vinda de quem não tem muito preparo físico e iniciou o percurso por volta das 10:30. Aos que pretendem realizar o mesmo feito, procurem sair o mais cedo possível e levar algum acompanhante.

Percorrer a Estrada do Una de bicicleta foi uma das melhores e mais cansativas experiências que tive em Peruíbe. Um percurso que oferece aventura, uma bela paisagem e transmite a paz característica da Juréia. Recomendo, mas digo que é preciso tempo e disposição física. Uma opção menos exigente é seguir até as Corredeiras do Perequê, apenas.

 

Percurso pela Estrada o Una Completo:

 

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